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Defensoria Pública da Bahia vai analisar situação de alojados na antiga Casa de Saúde Ana Nery

28/06/2013 02:06 | Por tao_adm
Defensoria Pública da Bahia vai analisar situação de alojados na antiga Casa de Saúde Ana Nery
Defensoria Pública da Bahia vai analisar situação de alojados na antiga Casa de Saúde Ana Nery

Após visita de inspeção para verificar a situação de mais de 200 pessoas alojadas no prédio da antiga Casa de Saúde Mental Ana Nery, na Lapinha, a Defensoria Pública vai se reunir com representantes da Prefeitura para discutir o que será feito com os abrigados. As condições em que se encontram atualmente crianças, adolescentes e idosos, que ocupam o local há cerca de três meses, são degradantes.

A visita ao prédio realizada nesta quarta-feira, (26), pelas defensoras públicas da Especializada de Direitos Humanos e Itinerância, Fabiana Almeida e Donila Fonseca e uma equipe formada por integrantes do serviço psicossocial da instituição foi motivada a partir de denúncias feitas por pessoas em situação de rua sobre a abordagem de agentes da prefeitura e de pessoas ligadas a grupos evangélicos a estes moradores. Segundo relatos dos integrantes do Movimento Nacional de População de Rua, as famílias estariam sendo retiradas das ruas do Centro de Salvador e direcionadas ao antigo prédio da Casa de Saúde Mental Ana Nery, com a promessa de inclusão no Programa Minha Casa Minha Vida e recebimento da casa própria em breve.

Embora pessoas identificadas como educadores sociais e que dizem atuar como coordenadores do local afirmem que o prédio abriga atualmente cerca de 200 pessoas – eles não possuem números ou dados oficiais – constatou-se um elevado número de pessoas vivendo em situação indigna e com direitos violados. O prédio, desativado há décadas, não possui infraestrutura mínima para abrigar os ex-moradores de rua. Infiltrações, banheiros sem água encanada e, em alguns casos, sem vasos sanitários, mau cheiro, ligações inadequadas de energia elétrica e água, poças de esgoto próximo ao local onde algumas pessoas fazem sua comida fazem parte do cenário no local e contrariam as recomendações do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza.

A violência entre os próprios alojados, no entanto, é o que mais preocupa os moradores. Depois de uma briga na noite da última terça-feira (25), um homem foi esfaqueado dentro do prédio na frente de crianças e adolescentes e encaminhado ao hospital. Os educadores sociais presentes na inspeção afirmaram desconhecer o ocorrido já que atuam apenas no período do dia.

REUNIÃO

A Defensoria Pública da Bahia vai se reunir nesta sexta-feira, (28), com representantes da Prefeitura de Salvador, igrejas evangélicas responsáveis pela coordenação do local e moradores para discutir as ações a serem adotadas a fim de apurar as denúncias feitas quanto a violência praticada na abordagem e durante a noite no local, as péssimas condições de higiene, bem como a retirada e transferência das famílias para outro lugar.

Além disso, a Defensoria Pública vai analisar a situação de cada morador no que diz respeito a documentação e inclusão em programas sociais. Embora a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps) afirme que as pessoas têm sido cadastradas em programas sociais e encaminhadas para retirada de documentos, duas crianças nascidas durante o período de abrigamento ainda não possuem registro – o problema impede o recebimento de vacinas ou atendimento médico em postos de saúde.