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Mães levam filhos para aprender mais sobre identidade negra positiva em leitura da Nossa Querida Bia

01/11/2022 04:11 | Por tao_adm
Mães levam filhos para aprender mais sobre identidade negra positiva em leitura da Nossa Querida Bia
Mães levam filhos para aprender mais sobre identidade negra positiva em leitura da Nossa Querida Bia

Foi por meio das redes sociais que a educadora e criadora de conteúdo digital Ariane Santiago, 33 anos, soube que a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizaria a leitura do livro de minicontos Nossa Querida Bia – Enfrentamento ao Racismo desde a Infância na última sexta-feira, 28. Na ocasião, avaliou que seria uma ótima oportunidade para aprender mais sobre o tema e, como estaria de folga do trabalho, aproveitou para levar seus filhos, Aimee Maria e Antônio Miguel, respectivamente 4 e 8 anos de idade, à Livraria Leitura, onde aconteceria o evento.

“Minha filha não tem todo o fenótipo negro, mas eu a vejo falar sobre o seu cabelo e vejo o irmão falar do cabelo dela, então é um tema que nós precisamos ter atenção e, ao mesmo tempo, conversar sobre isso. Achei uma ótima oportunidade para vir e trazer os meus filhos, pois mesmo que ainda não entendam tanto essas questões, já criam uma familiaridade”, explicou a educadora.

Diante do público que acompanhou a leitura dinâmica da Nossa Querida Bia, Ariane Santiago também ressaltou que a diferenciação entre bullying e racismo, feita pela defensora pública Gisele Aguiar, na abertura do evento, é algo que os educadores devem estar atentos.

Público acompanha abertura do evento de leitura da Nossa Querida Bia, na livraria Leitura do Salvador Shopping | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

“Nós falamos muito sobre bullying nas escolas, mas eu nunca tinha discutido sobre essa diferença [do racismo], sobre em qual momento acontece uma situação e quando é outra. Então, eu vou estudar mais sobre ambos os temas, parabenizo a atitude da Defensoria e quero discutir isso outras vezes”, afirmou.

Ao abordar a questão em sua fala sobre de abertura, Gisele Aguiar, coordenadora da Especializada de Infância e Juventude, explicou que o bullying acontece com qualquer criança dentro da escola. Que são atos de violência, sim, mas também são algo sistêmico.

“É uma conduta que deve ser tratada, sim, dentro da escola, e pode acontecer com qualquer criança. Já o racismo e a injúria racial, não. Tem o componente racial e a associação da negritude ao negativo. O racismo é crime e atinge toda a coletividade de pessoas, enquanto a injúria racial, atinge o indivíduo. E Isso precisa ficar muito claro para dirigentes escolares e a comunidade escolar”, explicou.

Gisele Aguiar apresentou componentes físicos e emocionais importantes da Bia – uma garota negra, consciente da sua negritude e com a autoestima elevada. A inspiração para a publicação surgiu a partir de atendimentos da respectiva especializada, bem como denúncias de situações negativas vividas diariamente por crianças e adolescentes.

“Nós tomamos a decisão de agir na prevenção e chegar à vida destas pessoas antes da ocorrência do racismo. Nós precisamos levar a Nossa Querida Bia e a Ação Cidadã Infância sem Racismo para o seio das escolas, comunidades e famílias a educação em direito e mostrar que essas situações devem ser evitadas por todos”, explicou Gisele Aguiar.

Antônio Miguel, 4 anos, foi levado pela mãe, Ariane Santiago, ao evento da DPE/BA para aprender mais sobre identidade negra positiva | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

Assistente social da Especializada de Infância e Juventude, Eduarda Conceição abordou a importância de criar identidade positiva para crianças negras. Além disso, ressaltou que a implementação das leis n. 10.639/2003 e 11.645/2008, nas escolas, são fundamentais no processo de valorização das diferenças e de aprofundamento dos conhecimentos de crianças e adolescentes acerca de suas origens.

Outro ponto destacado por Eduarda Conceição diz respeito à existência do povo negro e dos povos indígenas muito antes dos processos de escravização e de colonização iniciados por brancos europeus e perpetuados nas américas. Tal existência é, muitas vezes, omitida pelos livros de história e contribuem para a perpetuação do racismo.

“Queremos levar para as escolas uma perspectiva afrocentrada, com estudos africanos e também originários. Nossa ancestralidade parte de um lugar que está para além da escravização. Somos herdeiros de reis e rainhas, de pessoas e potências que muitas vezes a gente desconhece”, afirmou a assistente social da DPE/BA.

Esta foi a primeira de quatro leituras da Nossa Querida Bia – Enfrentamento ao Racismo desde a Infância. A próxima acontecerá nesta quinta-feira, 3, às 16, na livraria Leitura de Salvador Shopping. Também acontecerão duas leituras no Salvador Norte Shopping, respectivamente nos dias 18 de novembro e 25 de novembro (sextas-feiras), sempre às 14h, também na livraria Leitura.

O livro de minicontos foi criado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, por meio das defensoras públicas da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar e Laissa Rocha, e da Especializada de Direitos Humanos, Eva Rodrigues. A publicação foi desenvolvida em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, por meio das docentes Karina Moreira Menezes e Nanci Helena Rebouças Franco.