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Reunião de Grupo de Trabalho sobre poluição em Santo Amaro busca solução extrajudicial com fábrica de papéis

20/08/2019 05:08 | Por tao_adm
Reunião de Grupo de Trabalho sobre poluição em Santo Amaro busca solução extrajudicial com fábrica de papéis
Reunião de Grupo de Trabalho sobre poluição em Santo Amaro busca solução extrajudicial com fábrica de papéis

Visando tratar da degradação ambiental, poluição e os impactos em Santo Amaro e adjacências, foi realizada na última sexta-feira, 16, a terceira reunião do pleno do Grupo de Trabalho Degradação e Racismo Ambiental, instituído pela Defensoria Pública da Bahia – DPE/BA em fevereiro deste ano.

O encontro ocorreu na sala do Gabinete do Defensor-Geral, em Salvador, reunindo defensores públicos, membros da Ouvidoria da DPE/BA e seu Grupo Operativo, sociedade civil organizada, Secretaria do Meio Ambiente, Ministério Público do Trabalho, UFBA e representantes da Penha Papéis – fabricante de papéis recicláveis que opera em Santo Amaro. A empresa foi uma das denunciadas em audiência pública convocada pela Ouvidoria da DPE/BA pelo suposto despejo de resíduos nos rios e mangues locais.

Integrante do GT, a defensora pública Martha Cavalcante explicou que a solução extrajudicial do conflito com a Penha Papéis se iniciou com o envio de ofícios, requisitando informações, documentos e com a visita do defensor Rodolfo Barbieri à fábrica. “Foi muito importante contar com a participação da empresa potencialmente poluidora e da comunidade pesqueira que sofre com o impacto ambiental”, declarou.

A partir da reunião, ficou definido que os próximos encaminhamentos serão dialogar com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Inema para cobrar a fiscalização, a análise técnica dos documentos para constatar a mudança do ambiente e requerer o licenciamento da Penha. “Com isso, seguiremos a análise técnica dos dados”, finalizou Martha Cavalcante.

Relatos

Durante a reunião, além das falas dos que compuseram a mesa e dos órgãos presentes, foi aberto espaço para as vítimas concederem seu depoimento, além de serem passados vídeos mostrando a situação de Santo Amaro com o chumbo.

“Estou contaminado e meus filhos também. A degradação aumentou muito e os mariscos contaminados são consumidos e vendidos à população. É siri morto, aratu morto, ostra morrendo […] A gente quer desenvolvimento, mas não esse tipo. A justiça para gente é rápida, mas pra grandes empresas não é”, disse o pescador local Paulo Sérgio.

Ainda em seu depoimento, ele reiterou: “A própria natureza denuncia o que está ocorrendo ali. O meio ambiente diz à indústria que há algo errado. Somos pescadores artesanais extrativistas e estamos unidos. Conhecemos e identificamos o problema ambiental, como a morte de caranguejo em Maragojipe e outras questões. A indústria não vê a mortandade das espécies, mas nós pescadores acompanhamos cada mudança”, finalizou.

Quem também expôs a situação foi a Ialorixá titular do Grupo Operativo da Ouvidoria Cidadã em Santo Amaro, Mãe Zilda. “Trata-se de uma questão de vida. O mau cheiro é tão grande que tem que ir para o alto mar entregar as oferendas religiosas. O rio Pitinga é um braço de rio reto, onde deságua os peixes e desovam tudo”, falou. Segundo ela, as cestas básicas que eram recebidas pelos pescadores e povos de terreiro foram cortadas com a mudança do governo federal [um dos motivos que agrava a situação dos pescadores que viram sua atividade dificultada pela poluição].

O advogado do Conselho Pastoral dos Pescadores, Marcos Brandão, diz não ser lícito que o lucro dos empresários suprima a qualidade de vida dos trabalhadores ou seu sustento. “As pessoas estão mergulhando na pobreza por causa da atividade. Não é justo que a empresa lucre com o sofrimento das pessoas. Precisamos entender o que está acontecendo e precisar o impacto na população. Isso não pode perdurar”, comentou.