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Templos religiosos em Salvador são visitados por defensores públicos da Comissão de Direitos Humanos

10/06/2016 08:06 | Por
Templos religiosos em Salvador são visitados por defensores públicos da Comissão de Direitos Humanos
Templos religiosos em Salvador são visitados por defensores públicos da Comissão de Direitos Humanos
Defensores públicos de 10 estados do Brasil ouviram em mesquita e terreiro experiências de intolerância religiosa

Uma mesquita e um terreiro. O que esses espaços têm em comum? São os locais onde são realizados os cultos da religião islâmica e do candomblé, respectivamente. Seguidores dessas crenças, frequentemente, são vítimas da intolerância religiosa que se manifesta em casos de violência física, humilhações recorrentes e no isolamento social por medo de represálias. Para entender as particularidades dessa realidade, defensores públicos integrantes da Comissão de Direitos Humanos do CONDEGE (Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais) visitaram nesta sexta-feira, 10, o Centro Cultural Islâmico da Bahia e o Ilê Axé Opó Afonjá.

Levar os ensinamentos da religião islâmica ao povo baiano é uma das tarefas a que se dedica Sheikh Ahmad Abdul no Centro Islâmico, através de seminários e atividades sociais, ao lado do ensino da língua árabe. "A nossa religião é de integração e para a paz. É triste quando as pessoas desvirtuam tudo", disse ele. Segundo o diretor do Instituto Latino Americano de Estudos Islâmicos – ILAEI – Filial Bahia, Marcelo Menezes, a conversão de brasileiros ao islamismo começou na década de 90, e estados como Pernambuco, Sergipe, Ceará, e Bahia já tem muitos adeptos da religião.

A ex-estagiária de Direito da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, Quezia Barreto, segue a religião islâmica e sofre diariamente com atitudes provenientes da intolerância religiosa: "Comecei a estudar a religião em 2013 e me converti em 2014. Sou a única muçulmana na minha família e não tenho aceitação até hoje. Faço parte do grupo de três minorias: mulher, negra e muçulmana". Quezia relatou um episódio no qual sofreu constrangimento ao recusar um panfleto dentro de um ônibus. De acordo com ela, o rapaz começou a gritar que a sua religião tinha o objetivo de explodir o mundo e todos a sua volta começaram a olha-la de forma desconfiada.

A ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, 91 anos, é responsável por uma biblioteca itinerante que conta com cerca de 300 títulos que abordam curiosidades de todas as religiões. "Nós queremos a compreensão, o respeito, um ajudando o outro de forma boa. Não se pode discriminar o que não se conhece. Por isso, fazemos todo o esforço para que as pessoas saibam do que se trata", pontuou.

Para a subcoordenadora da Especializada de Direitos Humanos da DPE/BA, Eva Rodrigues, é preciso estreitar os laços entre as entidades religiosas e a Defensoria Pública para que o combate à intolerância religiosa possa ser feita de uma forma mais efetiva.

REUNIÃO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CONDEGE

"Os defensores públicos gerais de alguns estados enviaram representantes fortalecendo o trabalho da Comissão e permitindo que nós pudéssemos pensar em atuações em âmbito nacional como um Protocolo a orientar os colegas nas hipóteses de prática de tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes", disse o coordenador da Comissão de Direitos Humanos do CONDEGE, Fábio Amado (DPE/RJ).

Ainda de acordo com Fábio, houve uma colaboração expressiva de cada membro da Defensoria Pública do Estado e dos membros da Defensoria Pública da União que participaram, vislumbrando a construção de uma política institucional nacional na atuação firme, estratégica e consistente da promoção, proteção e defesa dos Direitos Humanos.

Ainda na tarde da quarta-feira, 10, o defensor público geral da Defensoria Pública da Bahia e coordenador geral das Comissões Temáticas do CONDEGE, Clériston Cavalcante, recebeu os membros da Comissão em uma reunião.