COMUNICAÇÃO

Palestra abre Curso de Capacitação em Substâncias Psicoativas e seus Usos

31/03/2010 4:20 | Por

É preciso tratar das pessoas, do ser humano, e não reduzir o problema somente às drogas. Foi com esse posicionamento que o coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (Cetad/Ufba), Antonio Nery, proferiu palestra para cerca de 90 defensores públicos, que participaram, na noite de ontem, 29, da abertura do Curso de Capacitação em Substâncias Psicoativas e seus Usos. Promovido pela Escola Superior da Defensoria Pública - Esdep em parceria com o Cetad, o curso tem como objetivo qualificar o atendimento da Defensoria Pública junto aos usuários de substâncias psicoativas e ampliar o debate sobre o enfrentamento à dependência química ligada à criminalidade no Estado.

O evento foi aberto pela defensora pública Geral, Tereza Cristina Ferreira, que destacou a importância dessa iniciativa no sentido de qualificar os profissionais da Defensoria no atendimento aos usuários de drogas e o tipo de conduta que a instituição deve adotar diante dessa problemática. "Precisamos intensificar as discussões no sistema de Justiça e olhar para o outro com a perspectiva de ser humano". Em seguida, foi passada a palavra para o professor Antonio Nery, que explanou sobre a necessidade de aproximar o diálogo no campo da saúde com o campo do Direito e de evitar posicionamentos reducionistas sobre drogas. Para ele, não basta apenas julgar, é preciso fazer uma leitura mais atenta sobre o tipo de droga, o que ela proporciona aos usuários de substâncias psicoativas e o contexto social em que eles estão inseridos.

Atendendo a finalidade da palestra, que foi a de sensibilizar os defensores sobre a importância de aprimorar a sua atuação junto a este público, Nery convidou os presentes a pensarem em seu papel como defensores públicos e a estreitarem os laços no dia-a-dia com os seus assistidos, enxergando-os primeiramente como pessoas que, muitas vezes, usam a droga como único instrumento para mantê-las vivas. "É preciso compreender o lugar que eles estão e abrir um campo de diálogo, uma ponte em que só a alma de um com a do outro poderá estabelecer", pontua Nery.

Para a defensora pública Maria Auxiliadora Teixeira, o curso é uma oportunidade dos defensores se tornarem agentes multiplicadores e buscarem melhores formas de proteger o direito dos excluídos. A presidente da Associação dos Defensores Públicos da Bahia - ADEP, Laura Fabíola Fagury, parabeniza a inciativa do curso e chama atenção para a singularidade desse momento. "Esse curso atenderá não só o assistido, mas todo o seu contexto familiar. Ele servirá como lentes de aumento para o verdadeiro papel dos defensores", ressalta.

O início do curso está previsto para os dias oito de abril, 13 e 25 de maio e a expectativa é que sejam formadas três turmas, com 30 defensores cada. A programação inclui palestras, aulas expositivas, que abordarão temas e aspectos socioantropológicos do uso de drogas, práticas de promoção da saúde e redução de danos, redes de atenção aos usuários, políticas públicas e acesso à Justiça pelos usuários.