COMUNICAÇÃO

Ação Cidadã Infância Sem Racismo 2023 é lançada com foco em recontar histórias diminuídas pelo racismo

31/05/2023 19:28 | Por Lucas Fernandes DRT/BA 4922

Evento de abertura da campanha aconteceu na Faculdade de Direito da UFBA, em parceria com a Unicef

A campanha da Ação Cidadã Infância Sem Racismo 2023, da Defensoria Pública do Estado da Bahia, foi lançada nesta quarta-feira, 31 de maio, como parte do evento “Caminhos para uma Primeira Infância Antirracista“, organizado pela Unicef e pelo Instituto Promundo.

Com o mote “Recontar o passado e construir um futuro antirracista”, a iniciativa da Defensoria tem o objetivo principal de estimular instituições escolares e educadores e educadoras ao ensino de cultura afrobrasileira e indígena, como forma de combater a intolerância e o racismo.

“A gente precisa chegar antes [que o racismo] nas crianças. Porque quando vão à Defensoria, o fato está consumado, as medidas judiciais vão ser tomadas. Vamos conclamar a sociedade para ser antirracista desde a infância”, falou a defensora pública coordenadora da Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar, na abertura do evento.

Uma das propostas da campanha é atingir diretamente as crianças com quadrinhos que recontam e valorizam a trajetória de pessoas negras e indígenas geniais que se destacaram na história, mas que, ainda assim, não foram devidamente creditadas pelo bem que fizeram à humanidade. 

Lançamento

Durante o lançamento, foram apresentadas estratégias que serão adotadas ao longo dos próximos meses para disseminar o antirracismo entre as novas gerações.

A DPE/BA anunciou que vai emitir uma nota recomendatória às escolas e colégios particulares de Salvador para que efetivem o ensino de história e cultura afrobrasileira e indígena, em conformidade com as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam a obrigatoriedade do tema na grade curricular.

Também vai recomendar a realização de atividades com frequência, durante o ano letivo inteiro, não apenas em datas comemorativas, como o Novembro Negro. Na ocasião, anunciou, ainda, a articulação de um Protocolo de Intenções, a fim de construir uma rede com instituições e parceiros voltada para o enfrentamento ao racismo desde a infância.

Segundo a coordenadora da Unicef na Bahia, Sergipe e Minas Gerais, Helena Oliveira, a Defensoria é parceira do órgão desde antes da estreia do Infância Sem Racismo, em 2021. Desde lá, houve um esforço crescente para trabalhar a temática em conjunto.

“É preciso reconhecer e juntar essas forças. Esta iniciativa não se encerra no dia de hoje. Este encontro inicia uma série de ações por uma primeira infância antirracista que tende a se ampliar e a engajar mais pessoas”, reforçou Helena Oliveira, que também é especialista da Unicef em Proteção contra as Violências.

O lançamento aconteceu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), localizado no bairro da Graça, em Salvador. A mesa de honra da abertura do evento também contou com a presença da diretora de políticas de educação étnico-racial e quilombola, do Ministério da Educação; da secretária municipal da Secretaria de Políticas para as Mulheres e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordelo; da secretária da Secretaria Municipal de Reparação de Salvador (Semur), Ivete sacramento; da coordenadora do Núcleo de Políticas Educacionais das Relações Étnico-Raciais (Nuper), da Secretaria Municipal da Educação (Smed), Eliane Boa Morte; e a coordenadora do Núcleo Especial de Apoio a Primeira Infância (Neapi), Simone Café.

Recontar

“Na infância, quem de nós aprendeu que o chinelo, o calendário, o papel, a seringa, o pão, os cosméticos e diversos tipos de remédios foram invenções de povos negros e indígenas? Quem tem conhecimento que o GPS, a lâmpada e o semáforo foram criados por pessoas negras?”. Foi com essa provocação que a defensora Laíssa Rocha, uma das responsáveis pela criação da Ação Cidadã Infância Sem Racismo, iniciou a apresentação da campanha.

“A África é o berço da ciência. Povos negros e indígenas produziram e produzem saberes relevantes. Nossa proposta é descortinar nossa verdadeira história e apresentar esses povos como potência. Isso vai impactar direta e positivamente na subjetividade dessas crianças ”, explicou Laíssa.

Veja os primeiros quadrinhos do Infância Sem Racismo nas redes sociais da DPE

De acordo com ela, serão contadas histórias que enquadram, não uma visão eurocentrada, mas um ponto de vista da população negra e indígena sobre fatos e personagens históricos e contemporâneos. A primeira publicação já foi feita no dia 13 de maio, em formato de quadrinhos, com uma reflexão sobre os heróis e heroínas do processo de abolição da escravatura.

Veja também o primeiro vídeo da série com educadores.

Também marcaram presença no evento as defensoras Eva Rodrigues, coordenadora da Especializada de Direitos Humanos, e a defensora Vanessa Nunes, coordenadora do Núcleo de Igualdade Racial.