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No dia da visibilidade Trans, Defensoria aponta desafios da comunidade LGBT

07/02/2014 08:02 | Por tao_adm
No dia da visibilidade Trans, Defensoria aponta desafios da comunidade  LGBT
No dia da visibilidade Trans, Defensoria aponta desafios da comunidade LGBT

"Eu não quero mais ser discriminada ao mostrar minha identidade e não estar lá o nome que condiz com a minha imagem. As pessoas enxergam um corpo de mulher e eu quero ser respeitada como mulher". Esse foi o desejo manifestado por Marina Garlen, membro do Comitê Técnico da Cultura LGBT, no primeiro encontro promovido pela Defensoria Pública da Bahia com os representantes da comunidade LGBT.

O encontro faz parte das medidas tomadas pela Instituição para se aproximar dos movimentos sociais e ao mesmo tempo subsidiar sua atuação na garantia dos direitos. "Com isso tentamos solucionar as questões de forma coletiva e não esperar que, individualmente, as pessoas nos procurem e que a solução não seja somente de casos pontuais", explicou a subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Bethânia Ferreira.

No que se refere às demandas individuais, o assistido deve procurar a especializada de Direitos Humanos, no Canela, para as orientações e medidas específicas. O desejo de Marina, por exemplo, que tende a ser o mesmo das travestis e transexuais que passam pelo mesmo constrangimento, recebe atenção especial da Instituição.

"A Defensoria Pública entende que a questão da alteração do registro civil deve ser tratada de forma especial. Garantir que a pessoa seja chamada e conhecida pelo nome que se reconhece é fator primordial para garantia da dignidade da pessoa humana, então decidimos focar de forma especial na alteração de registro", contou a subcoordenadora.

Para dar entrada num processo para alteração do registro civil, o assistido deve procurar a Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, no Canela, passar pela triagem para obter informações sobre a documentação e, posteriormente, ter atendimento com o defensor público. Entre os documentos necessários para o processo judicial, além dos básicos como RG, CPF e comprovante de residência, estão os laudos psicológico e psiquiátrico. Dependendo do caso, outros podem ser requisitados.

Obstáculos – Mudar o nome no registro civil, no entanto, trata-se de um processo complexo, que envolve questões como a realização ou não da cirurgia para mudança de sexo, e para o qual ainda não há jurisprudência dominante. "Mesmo sendo uma ação complexa sua propositura é indispensável para garantia da dignidade das pessoas transexuais", reitera Bethânia.

Entre os desafios para garantir os direitos da comunidade LGBT, o preconceito e a falta de informação figuram como os principais antagonistas. "A sociedade opta por não discutir o tema de uma forma ampla e participativa. A ausência de discussão sobre o tema, mesmo nas instituições do sistema de justiça e de segurança pública, obstaculiza a efetivação desses direitos de forma mais ampla e ágil", lamentou a subcoordenadora.

Na Defensoria, além dos encontros com os membros da comunidade, que terá sua próxima edição no mês de março, a garantia dos direitos dos LGBT's está na agenda dos defensores. O tema fez parte das discussões do Encontro Estadual de Defensores Públicos em Direitos Humanos, que reuniu defensores da capital e do interior do estado.

Na capital, a estrutura da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos foi alterada. Uma unidade residual da área de DH passou a atuar na defesa e reparação das vítimas de violência e discriminação em razão da raça, etnia, orientação sexual, gênero, intolerância religiosa, violência institucional e tortura. "Anteriormente tínhamos somente um defensor público que cuidava desse tema agora temos dois. Assim, tivemos um acréscimo inicial de 100% na estrutura organizacional", explicou a defensora.