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Grupo Reflexivo da Defensoria propõe transformações positivas de conduta para homens que respondem a medidas protetivas

Serão realizados dois encontros a cada mês conduzidos pela Especializada de Juizados Especiais, em Salvador
16/04/2025 04:04 | Por Tunísia Cores
Grupo Reflexivo da Defensoria propõe transformações positivas de conduta para homens que respondem a medidas protetivas

Foi retomado nesta quarta-feira (16) pela Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) o Grupo Reflexivo pra Homens conduzido, na capital baiana, pela Especializada de Juizados Especiais. Os encontros serão realizados duas vezes ao mês, com homens acusados de violência doméstica e familiar, para trazer reflexões sobre os ciclos de violência e propor transformações positivas de conduta.

A assistente social Cíntia Santos (esq.) e a analista jurídica Juliana Brito (dir.) comentam sobre a dinâmica dos encontros com os participantes | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

O momento foi conduzido pelas defensoras públicas Mônica Antonieta, coordenadora de Juizados Especiais, e Eveline Portela, idealizadora da iniciativa junto às facilitadoras Cíntia Santos, assistente social, e Juliana Brito, analista jurídica.

Para a coordenadora Mônica Antonieta, a palavra “acolhimento” é a que melhor define a iniciativa da DPE/BA. “Antes mesmo de considerar o atendimento jurídico, a gente deve pensar no acolhimento para que os senhores possam refletir e entender todo o processo de construção de ciclos de violência que estamos inseridos e, diante dessas questões, vamos tentar promover uma transformação”, disse.

Quem já começou a perceber a mudança foi João*, que chegou ao grupo com a sensação de frustração devido à situação pela qual está passando, mas, ao final do encontro, revelou outro sentimento. “Me senti surpreso positivamente porque eu estou sendo realmente acolhido, por estar sendo ouvido. Antes, eu me sentia um criminoso, à margem da sociedade”, relatou.

Medida protetiva de urgência

Homens recebem orientações e apresentam dúvidas à equipe da Defensoria | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

Os Grupos Reflexivos para Homens são espaços previstos pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) como medida protetiva de urgência para prevenir e erradicar a violência doméstica e familiar. A defensora pública Eveline Portela ressaltou que a iniciativa é de caráter não punitivo e que o objetivo é que haja a participação voluntária dos homens que respondem à medida protetiva.

“Pensamos em formar um grupo que não tivesse os moldes do judiciário, não fosse imposto. Não estamos aqui para julgar, dizer quem errou. Que vocês saiam daqui melhores do que entraram e percebam que não estão sós. A Defensoria está aqui, atenta às demandas de vocês, para brigar pelos seus direitos, para que vocês tenham voz”, explicou Eveline Portela.

Também um dos participantes, Mário* explicou que responde à medida protetiva desde outubro de 2024 e que, devido à uma situação de risco pela qual passou em seu trabalho, começou a fazer acompanhamento psicológico em fevereiro desse ano. “Com o tempo, a minha psicóloga identificou que a minha maior preocupação era pessoal e aí eu comecei a verdadeiramente melhorar. Ela me pediu para escrever cartas para a minha filha mais velha, para a minha família, para falar sobre o que eu estava sentindo”, explicou.

Sobre o Grupo Reflexivo, Mário definiu o seu sentimento ao final do encontro como “encantado”, avaliou que a situação similar vivida pelos homens presentes serviria de amparo. “O apoio é uma necessidade, nos faz entender que não estamos sozinhos, que o respeito ao outro é fundamental, caso contrário as pessoas vão se afastando e todo mundo vai ficar sozinho”, disse.

A analista jurídica Juliana Brito explicou aos presentes sobre a relevância de cada um dentro do Grupo Reflexivo. “Vocês têm esse papel de multiplicar, de ajudar outras pessoas, inclusive mulheres e crianças que sobrevivem à violência”, afirmou. Na ocasião, foram firmados alguns combinados entre as facilitadoras e os participantes para a dinâmica dos encontros. “Vamos falar sempre em primeira pessoa, dizer qual o nosso sentimento diante das situações”, disse a assistente social Cíntia Santos.