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Curso interno de formação sobre relações raciais da Defensoria busca fortalecer combate ao racismo institucional

05/11/2020 04:11 | Por tao_adm
Curso interno de formação sobre relações raciais da Defensoria busca fortalecer combate ao racismo institucional
Curso interno de formação sobre relações raciais da Defensoria busca fortalecer combate ao racismo institucional

Para fortalecer uma atuação cada dia mais antirracista, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA está promovendo para os defensores (as) públicos (as), servidores (as) e estagiários (as), o primeiro curso interno exclusivo para formação sobre relações raciais. O curso, realizado por reuniões virtuais, teve início nesta quarta-feira, 4, e será composto de um módulo de cinco apresentações de professores e estudiosos convidados pela Escola Superior da Defensoria para tratar de alguns tópicos do tema.

Em sua fala de apresentação da iniciativa o defensor público geral, Rafson Ximenes, destacou a necessidade das reflexões sobre a questão para a Defensoria e a sociedade como um todo.

“É momento de se discutir a presença do racismo na formação da nossa sociedade. Principalmente em aspectos que não são percebidos como racismo, que as pessoas praticam, reproduzem e não pensam ser práticas racistas. Temos que melhorar nossa instituição, nosso atendimento e relacionamento com o público e seus problemas, além de também a nós mesmos como pessoas”, comentou Rafson Ximenes.

A defensora pública e integrante do Grupo de Trabalho pela Igualdade Racial da Defensoria Vanessa Nunes, que mediou o encontro, explicou que o curso será realizado sempre às 18h das quartas-feiras e deverá abordar cinco eixos temáticos: humanidade e ideia de raça; racismo e poder; relações raciais no Brasil; direito e raça; cotas raciais: desafios e possibilidades.

“Precisamos rediscutir raça no Brasil, porque passamos um período muito longo da história negando este tema. O processo de reconhecimento das desigualdades raciais e todas as durezas do racismo, é um enfrentamento que é necessário para todos, o interesse não é apenas das pessoas negras, o interesse é que a gente possa ouvir um espaço de vida e vida para todos. É com esta motivação que desenvolvemos a iniciativa deste curso”, assinalou Vanessa Nunes.

Aula inicial

Na aula inicial nesta quarta-feira, o tema humanidade e ideia de raça foi abordado pelo professor e doutorando em História da Universidade Federal da Bahia, Valter Zaquel e a professora e doutorando em antropologia pela Universidade de Brasília, Joyce Lopes.

Joyce Lopes abordou o tema da branquitude no discurso “somos todos humanos”, apontando, entre outros aspectos, a dificuldade de grande parte das pessoas brancas em reconhecerem seus privilégios historicamente construídos e disfarçados em torno de uma afirmação abstrata e enviesada na ideia de humanidade.

Já Valter Zaquel discorreu sobre como a sociedade se estrutura historicamente de maneira racista, a partir de uma ideia de civilizações que compõe a história ocidental que tomaram a si mesmas como referência para as definições em torno do que seria a humanidade, desqualificando concepções também legítimas de outras civilizações sobre a humanidade.

“A noção de humanidade constituída pela sociedade ocidental, é uma noção de humanidade que está fundamentada em um modelo a partir dos padrões e traços culturais estabelecidos no Ocidente. A noção de humanidade precisa ser relativizada para compreender outros berços civilizatórios, quando falamos de humanidade estamos falando de processos civilizatórios, e esses processos passam por condições diferentes, mas tem a mesma legitimidade”, comentou Zaquel.

A próxima aula do Curso de Formação Interno de Formação sobre Relações Raciais ocorrerá no 11 de novembro, às 18h, e abordará o tema racismo e poder.