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Defensor público debate "Descriminalização do Uso das Drogas" em seminário

16/11/2015 03:11 | Por
Defensor público debate "Descriminalização do Uso das Drogas" em seminário
Defensor público debate "Descriminalização do Uso das Drogas" em seminário
Quebra de Paradigmas Normativos foi tema de discussão em encontro na ABMCJ/BA

O defensor público Daniel Nicory, da Especializada Criminal e Execuções Penais da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, palestrou sobre "A Descriminalização do Uso das Drogas" no Seminário Quebra de Paradigmas Normativos, da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica/BA (ABMCJ). "O termo (descriminalização) em si não é, no seu sentido escrito, quebra de paradigma normativo, porque um dos princípios que integra o bem jurídico é a alteridades. Ou seja, o Direito Penal só se preocupa com as lesões que nós praticamos aos outros e não a nós mesmos", afirmou o defensor.

Nicory salientou que o uso das drogas é só um dos exemplos de comportamento que causa riscos ao próprio indivíduo e que a bebida e o cigarro, que também são drogas, têm licença de atuação no mercado capital. "Uma sociedade amadurecida e democrática compreende que os riscos são inerentes à vida adulta e que a intervenção estatal no controle dos comportamentos potencialmente autolesivos não deve se valer do sistema penal", destacou.

Cristiane Ferreira Maia, estudante de Direito do 4º semestre na UNEB e também estagiária do Núcleo de Prática Jurídica – NPJ, durante o debate da palestra perguntou: "Essa descriminalização das drogas não poderia piorar a questão da saúde pública?" Ao que Daniel Nicory respondeu: " Riscos se têm todos os dias… é preciso haver uma regulação do uso das drogas, pois as pessoas podem fazer um uso produtivo delas se souberem controlar os riscos, mesmo assim estão sujeitas a terem problemas… É preciso conhecer os efeitos distintos que as drogas causam para terceiros e depois criar políticas eficientes para cada caso".

A defensora pública Carla Alonso, que representou o defensor público geral, Clériston Cavalcante de Macêdo no evento, mediou o debate e considerou que a discussão foi muito bem fundamentada e esclarecedora para todos os presentes. "Ele oportunizou um bom debate!", declarou.

Para Maria Bernadeth, presidente da ABMCJ/BA, a palestra "foi super proveitosa, bem elaborada e consciente. Ele não quis apenas mostrar o que era, mas todos os cuidados com a descriminalização das drogas".a palestra aconteceu na sexta-feira, 13.

DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS

O artigo "De Drogas e Democracia", assinado pelo defensor público baiano Daniel Nicory foi citado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal – STF durante votação da descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal, em agosto deste ano. O ministro Edson Fachin pediu vistas ao processo, que até o momento encontra-se em análise.

Em nota também escrita em agosto de 2015 o Conselho Superior da Defensoria Pública manifestou adesão institucional à Nota Técnica do Instituto Igarapé, que propõe ao STF a inconstitucionalidade da criminalização do porte de drogas para consumo, bem com a adoção de critérios objetivos para orientar a distinção entre usuários e traficantes.