Foto: Mateus Bonfim
“A expectativa está lá em cima para tentar conseguir uma coisa melhor para mim, tentar virar a página do que aconteceu no passado.” A fala é de um socioeducando de 18 anos, um dos adolescentes participantes do projeto “Jovens na Medida”, que começaram nesta quarta-feira (9) a cumprir medida socioeducativa de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) na Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA).
O projeto, que tem 16 anos de atuação, é desenvolvido pela Especializada da Criança e do Adolescente e tem o objetivo de promover a reintegração dos jovens em situação de vulnerabilidade por meio da realização de tarefas de interesse geral da sociedade, estimulando-os à construção da cidadania, ao desenvolvimento mental, moral, profissional e educacional.
Segundo a defensora pública Maria Carmen Novaes, coordenadora da Especializada da Criança e do Adolescente, a instituição busca possibilitar que os jovens possam enxergar e acessar novas realidades. “A Defensoria Pública recepciona esses adolescentes e os direciona especialmente para o nosso viés educacional em direitos humanos, para mostrar a eles e às suas famílias outras realidades que eles podem abraçar e se encaminhar. Nesta edição, especialmente, o nosso investimento maior será na educação profissional, na aprendizagem e na inserção no mercado de trabalho”, afirma.
Além da prestação de serviço à comunidade, neste semestre, os adolescentes recebem orientações do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) sobre como se preparar para o mercado de trabalho. Para Taiane Leite, assistente social do CIEE, a intenção é romper barreiras e abrir portas. “Eles também precisam ser oportunizados, até porque a gente sabe que ainda existe uma certa dificuldade das empresas e organizações estarem inserindo esses jovens. O CIEE tem trabalhado junto às empresas, tentando levar essa importância. A gente sabe que é a forma de transformar as realidades, que esses jovens busquem realmente melhorias para si e para suas famílias”, ressalta.
Os jovens foram acolhidos no auditório da Escola Superior da Defensoria (ESDEP), onde receberam informações sobre o funcionamento do projeto e também sobre oportunidades de capacitação e trabalho. “Quero uma melhoria para não ficar sem fazer nada, não ficar parado ou ficar fazendo a mesma coisa de sempre. Tô muito alegre e empolgado”, diz um socioeducando de 16 anos. Outro adolescente, de 17 anos, ressaltou o desejo de mudança de rumos. “Quero fazer um curso, terminar os estudos, conseguir um trabalho e mudar de vida”, almeja.
A Defensoria oferta dez vagas por semestre para o projeto. Além disso, oferece a possibilidade de, no final do cumprimento da medida, inserir esses adolescentes em estágio de nível médio. “Para a gente, acaba sendo um campo que possibilita e que tem um papel importantíssimo na ressignificação de valores e na construção de novos projetos de vida, como é o objetivo e como está posto no próprio acompanhamento da medida socioeducativa”, ressalta Mércia Santos, assistente social e supervisora técnica do Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre). A medida será cumprida no contraturno escolar, com até oito horas semanais, por um período de três a seis meses.
Para a família, a oportunidade representa a perspectiva de um futuro melhor. “Eu acredito na mudança, na transformação deles, e quero um dia aplaudir e ver eles uma pessoa melhor e no meio de vocês, para eu contar vitória. Eu creio nisso!”, finaliza a mãe de um jovem.