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Defensoria prestigia sessão na ALBA em homenagem aos 220 anos da memória dos mártires da Revolta dos Búzios

08/11/2019 03:11 | Por tao_adm
Defensoria prestigia sessão na ALBA em homenagem aos 220 anos da memória dos mártires da Revolta dos Búzios
Defensoria prestigia sessão na ALBA em homenagem aos 220 anos da memória dos mártires da Revolta dos Búzios

Há 220 anos atrás, no dia 8 de novembro de 1799, eram enforcados em Salvador participantes e líderes da que ficou conhecida como Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana. De caráter popular, antiescravagista e emancipacionista, o movimento que ocorreu durante a fase colonial brasileira exigia muito mais que a independência do Brasil.

A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA prestigiou na manhã desta sexta-feira, 8, sessão especial da Assembleia Legislativa da Bahia que rememorou a data e a memória dos quatro mártires da revolta: João de Deus, Lucas Dantas, Luiz Gonzaga e Manuel Faustino. Para o defensor público geral, Rafson Ximenes, que marcou presença na sessão, a DPE/BA deve efetuar esforços no sentido de fortalecer a memória e autoestima da população baiana.

“A população mais pobre e/ou vítima de discriminação deve poder se identificar com personalidades históricas importantes para o desenvolvimento de nossa história. É sempre importante para quem, como nós, promove a educação em direitos, defende os direitos populares, conhecer e valorizar os acontecimentos protagonizados pelo nosso povo. Rememorar a Revolta dos Búzios, a Revolta dos Malês, entre outros fatos e acontecimentos da resistência popular, é do interesse da Defensoria”, disse Ximenes.

O defensor-geral aproveitou ainda para anunciar ao público presente na audiência sobre a realização de mais uma edição do projeto “Júri Simulado – Releitura do Direito na História,” da DPE/BA que neste mês de novembro terá justamente Manuel Faustino como personagem. O evento está planejado para acontecer no dia 26 de novembro às 9h no auditório da Universidade Estadual da Bahia.

A sessão especial de rememoração dos mártires da Revolta dos Búzios foi proposta pela deputa estadual Fabíola Mansur (PSB) e o deputado Jacó (PT). Em sua fala Fabíola parabenizou a DPE/BA por estar aliada na promoção do combate ao racismo e a intolerância religiosa, além de se manter firme na missão de assistência aos mais vulneráveis.

Também participaram da sessão solene, a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, representando o governador da Bahia, Rui Costa; o presidente da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, representando a secretária de Cultura da Bahia, Arany Santana; o presidente do grupo Olodum, João Jorge; entre outros representantes e lideranças.

“Animais-vos, povo Bahiense”
Em 12 de agosto de 1798, as ruas da cidade de Salvador amanheceram cheias de boletins e panfletos confeccionados e distribuídos por Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas do Amorim Torres, Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento. Eles eram os líderes do movimento conhecido como a Revolta dos Búzios. Inspirados nas ideias da revolução francesa e desejos de igualdade, fraternidade e liberdade e conseguiram unir diversos setores da sociedade baiana que sofriam com o peso da dominação do governo português.

Convocando a população para uma ‘revolução’ que implantaria a “República Bahiense”, eles conclamavam a população a se rebelar contra o domínio de Portugal. Em seu manifesto estava escrito: “Animai-vos, povo Bahiense, que está por chegar o tempo feliz da nossa liberdade, o tempo em que seremos todos irmãos, o tempo em que seremos todos iguais”.

Os participantes da Revolta idealizavam um projeto marcado por uma avançada pauta política na luta por descolonização e democratização da Bahia e do Brasil. Os eixos principais de demanda eram não apenas a independência como a proclamação da república, autonomia regional, o fim da escravidão e a promoção da igualdade racial. A Revolta dos Búzios, no entanto, acabou sufocada e seus líderes duramente perseguidos e castigados pela ameaça que representavam ao inspirar a luta contra o poder colonial português.