COMUNICAÇÃO

Discussão sobre dinâmicas violentas envolvendo jovens abre o primeiro dia de seminário da Defensoria

15/12/2021 17:31 | Por Ailton Sena DRT 5417/BA

O evento compartilha experiências entre defensoras e defensores públicos da América Latina e a análise das diferentes violências no Brasil e na Argentina.

As análises do professor e pesquisador argentino Esteban Rodriguez Alzueta sobre as dinâmicas violentas que se estabelecem em bairros marginalizados da Argentina deram início à programação do Seminário Violência e Direitos Humanos na América Latina. Promovido pela Escola Superior da Defensoria (Esdep), o evento iniciado nesta quarta-feira, 15, aconteceu de forma virtual através do Facebook e Youtube da Defensoria.

Na abertura do evento, o defensor público e diretor da Esdep, Clériston Macedo, destacou a importância da troca de experiências promovidas pela atividade para a atuação defensorial. “Como defensores/as públicos/as, presenciamos em nossa atuação na área de direitos humanos, criminal e de defesa de adolescentes em conflito com a lei o aumento da violência. Por isso, é importante que tenhamos discussões sobre esse tema, sobretudo no mês de dezembro, que é quando comemoramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos”, ressaltou.

Corroborando com a fala de Clériston, o também defensor público e coordenador do Seminário Gilmar Bittencourt explicou que a proposta do evento surgiu em decorrência das demandas que vêm atendendo na Região Metropolitana de Salvador, sobretudo aquelas ligadas ao direito à moradia e às violações de direitos contra crianças e adolescentes.

Durante sua fala, Esteban assinalou a existência de novos regimes de desigualdades urbanas nos quais as pequenas desigualdades são objetos de comparação constante e têm a capacidade de resistir aos jovens e ser uma fonte de desentendidos. Para ele, nos contextos argentinos analisados, a violência deixou de ser instrumental e tem se manifestado de modo excessivo que precisa ser estudado e problematizado.

“Nesses bairros, muitas vezes, o roubo de um celular ou uma carteira pode custar a vida. E duas coisas em comum podem ser observadas nesses eventos de violência: os jovens estão quase sempre presentes como protagonistas ou destinatários e a violência não guarda proporção com aquilo que se busca”, assinalou.

Em sua análise, eventos como roubo seguido de agressão física e morte com dezenas de tiros intencionais evidenciam o protagonismo do ódio sobre a violência e a utilização do corpo do outro para reproduzir uma relação de poder. Ainda segundo o pesquisador, essas dinâmicas de violências juvenis reforçam a hegemonia branca das classes médias e altas e tornam as comunidades mais vulneráveis, à medida que se tornam mais susceptíveis à ações policiais violentas.

A programação do Seminário Violência e Direitos Humanos na América Latina continua nesta quinta, 16, com palestras ministradas pelos pesquisadores Isael Pinheiro (UFRGS), Márcia Esteves de Calazans (UFRGS), Andaraí Ramos Cavalcanti (SEEC) e Gilmar Bittencourt (DPE/BA).