Se as retificações de registros civis foram as mais procuradas durante a visita da Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA à cidade de Santa Inês, nestas quarta e quinta-feira, dias 30 e 31 de outubro, os exames de DNA, para investigação e reconhecimento de paternidade, e o reconhecimento da paternidade socioafetiva também não ficaram de fora dos casos registrados durante os dois dias da visita.
Em um dos exames de DNA realizados, por exemplo, a pequena A.B.M.S, de 3 anos, já está tão acostumada a “tirar sangue do dedinho” que achou que era mais um dia de teste de glicemia e já entrou em um dos gabinetes da Unidade Móvel com o dedinho já pronto para a coleta do sangue. “Ela é pré-diabética e, por isso, faz muito exame de sangue para controlar o açúcar. Quando vê álcool, algodão e agulha está acostumada e nem estranha mais”, revelou a mãe da menina, a estudante Larissa Santos, 18 anos. O teste de glicemia dá um resultado imediato, mas para saber o resultado do exame de DNA, a mãe da pequena sabe que terá que aguardar cerca de 60 dias para comprovar que a menina é mesmo filha do seu ex-namorado, o estudante R.M.S., de 22 anos. “Nunca perdi a esperança”, desabafou ela.
Pai de criação e coração
Enquanto a pequena vai ter que aguardar para ter o nome do seu [suposto] pai no registro, a estudante M.E.S.N., 16 anos, já tem o nome de um pai biológico em sua Certidão de Nascimento e, agora, após atuação da Defensoria, deu o primeiro passo para ter, também, o nome do seu pai de criação e coração em seus documentos: o lojista José Maurílio Jorge, 57 anos, foi até à Unidade Móvel para declarar o seu grande desejo e reconhecer a paternidade socioafetiva da menina. “Quando conheci e comecei a conviver com a mãe dela, ela tinha 1 ano e 1 mês. Era pequena, eu vi crescer e quero reconhecer como minha filha”, contou, emocionado, o lojista, com diversas fotos da infância da filha nas mãos.
“Eu só tenho a agradecer a ele por essa filha bem criada e por tudo que ele fez por ela”, concordou o pai biológico da menina, o frentista Jessé Braga do Nascimento, que também foi à Unidade Móvel. “Era o que estava faltando nos documentos dela: ter, também, este nome e sobrenome do segundo pai”, concluiu a mãe da estudante, a professora Lucidreia Ferreira da Silva, 37 anos.
A família saiu da Unidade Móvel direto para o Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de Santa Inês para entregar o ofício expedido pela Defensoria com o reconhecimento da paternidade socioafetiva e a assinatura de todos: do pai socioafetivo, do pai biológico, da filha, da mãe e do defensor público Igor Raphael de Novaes Santos.