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Roda de Conversa discute garantia de direitos para pessoas gordas

Por Ailton Sena DRT 5417/BA

O evento aconteceu de forma virtual e contou com a participação de representantes do movimento social, políticos e da Defensoria Pública.

A luta contra a discriminação e pela garantia de direitos para pessoas gordas possui mais de 50 anos, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. Isso ficou evidente nas falas e relatos apresentados pelas participantes da Roda de Conversa “Dia de Combate à Gordofobia: o que temos a celebrar?”, que aconteceu no último dia 10 de setembro. A atividade foi promovida pela Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública da Bahia, em parceria com o movimento VAITERGORDA, e contou com a mediação de Zene Natividade, ouvidora-adjunta da Defensoria. 

O encontro tinha como objetivo verificar o andamento dos projetos de lei municipal e estadual que abordam a importância de um dia para conscientizar a sociedade sobre o respeito à Diversidade Corporal e a fomentação de ações afirmativas e inclusivas de promoção e visibilização das pessoas gordas. Mas também serviu como ambiente para troca de experiências e fortalecimento da luta contra a gordofobia. 

“A gordofobia extrapola a autoestima e atinge direitos básicos da população gorda. Por isso, é importante que estejamos engajadas no debate promovido por esta Roda de Conversa. Além disso, é um compromisso institucional da DPE estar com vocês buscando a garantia de direitos, que não é favor, mas obrigação do Estado”, afirmou a defensora pública Lívia Almeida, que também é coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos – DPE/BA.

Para a Adriana Santos, fundadora do VAITERGORDA e conselheira estadual em Defesa dos Direitos da Mulher, enquanto não acontecer a sanção dos projetos de lei pelos chefes do executivo, a dignidade das mulheres gordas continua a ser ferida. “Enquanto movimento e enquanto cidadãs, é um direito nosso estarmos aqui para cobrar respostas sobre a necessidade de retomada desses projetos de lei”, declarou. As violências contra os corpos gordos acontecem, entre outras formas, na dificuldade de acessos aos transportes públicos, na falta de equipamentos de saúde que atendam a essa parcela da população – como tensiômetro, maca e cadeira de rodas – e até mesmo em algumas práticas de profissionais.

Segundo Adriana, existiam dois projetos de lei municipal em favor das pessoas gordas, um que regularizaria o uso das catracas possibilitando que esse público pudesse acessar os ônibus pela porta de desembarque e outro de criação, no calendário municipal, do Dia de Combate à Gordofobia. Mas ambos foram arquivados depois de terem sido aprovados pelos vereadores. Já o projeto que institui o dia de mobilização contra a gordofobia no calendário estadual também teria sido aprovado pela Assembleia Legislativa, mas estava preso na Comissão de Justiça.

“Debater gordofobia é falar sobre dificuldade nos acessos. E promover acessos é papel do Estado. Quando ele não dá conta, se torna responsável por cada corpo gordo que tomba. O Estado precisa se responsabilizar por isso e precisa entender que nós existimos, que somos uma parcela enorme da população”, lembrou a vereadora Laina Crisóstomo, que também esteve presente no evento.

Em sua fala, ela contou que naquele dia estava sendo aberta uma consulta pública para construção de um projeto de lei para criação da Semana de Conscientização de Combate à Gordofobia no município.  Outro projeto de sua autoria é a indicação de inclusão do debate contra a gordofobia no Programa de Formação Continuada do Sistema de Transporte Público de Salvador e para que haja fiscalização e adequação para atender à população gorda.

Apesar de ainda ser longo o caminho para garantia de direitos das pessoas gordas, Maria França, coordenadora do VAITERGORDA, celebrou a existência de uma debate mais amplo sobre a temática. “As pessoas estão tomando conhecimento do que é a gordofobia, estão discutindo o tema. Com isso, vamos conseguir avançar à medida que a sociedade entender que a pessoa gorda também é um cidadão com direitos de ir e vir, de ter um emprego e ocupar todos os espaços possíveis”, ponderou.