COMUNICAÇÃO

Defensoria promove encontro para fortalecer rede de enfrentamento à violência contra mulheres em situação de rua

15/06/2021 17:41 | Por Júlio Reis - DRT/BA 3352

Webinário discutiu elementos para práticas exitosas na implantação dos direitos sociais para a população que vive a realidade da rua

O debate com vistas ao fortalecimento das redes para enfrentamento da violência cometida contra as mulheres em situação de rua foi o centro do II Webinário promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa População em Situação de Rua, Cidadania e Direitos Humanos do Núcleo Pop Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA.

Com apresentação introdutória da defensora pública Fabiana Miranda e mediação da assistente social da DPE/BA Zuldiane Coelho, no encontro virtual foram discutidos elementos para práticas exitosas na implantação dos direitos sociais para a população que vive esta realidade, além da importância da atuação profissional antirracista também neste contexto.

Abordando os dados da violência contra distintos grupos de mulheres, por viés de cor, condição social, entre outros, Zuldiane Coelho destacou a necessidade de se levar em conta as particularidades de cada realidade populacional. “É preciso ter sempre em conta as especificidades do que é ser mulher em situação de rua. Os atravessamentos a que estas mulheres estão sujeitas”, pontuou.

Convidada do Webinário, a defensora pública Viviane Gomes Luchini do Núcleo de Defesa das Mulheres prestou orientações quanto à solicitação de medidas protetivas para estas mulheres em caso de agressões sofridas por companheiros que também vivem em condição semelhante. “Há dificuldades, que nós buscamos contornar por uma série de caminhos, dada a necessidade de apontar o endereço deste agressor à Justiça, até por questões operacionais já que ele deve ser notificado pelo oficial de justiça”, comentou.

Também presente ao evento, a coordenadora nacional do Movimento População de Rua, Sueli Oliveira, comentou sobre a violência sofrida por moradores de rua pelas forças de segurança pública, além de diversas deficiências nos serviços de acolhimento institucional. Já a ex-moradora de rua Aline da Silva, conectada diretamente da Praça da Piedade em Salvador, comentou sobre sua experiência de integração a partir do grupo “Marias em Movimento”.

“Antigamente eu ficava só, eu e meus cinco filhos. Eu achava que ninguém olhava para mim. A melhor coisa que aconteceu foi este grupo. No grupo a gente está mais firme e forte. As conversas servem até como uma terapia, porque o dia a dia da gente é o quê? É tá na rua, é tá catando lata, é tá se preocupando com alguma coisa. Quem tem pra dormir, tem e quem não tem? É muita mulher ainda dormindo embaixo de ponte, de viaduto. Eu felizmente conseguiu uma casa que é de aluguel, mas e pra comer? Pra comer tenho que vir pra rua”, relatou.

Já Virgínia Perrucho, assistente social e técnica do campo temático da saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, abordou o tema dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres em situações de desproteção, enquanto Tamiz Oliveira, doutoranda em saúde coletiva e assistente social do Programa Corra pro Abraço, tratou da importância da atuação profissional antirracista para garantia dos direitos das mulheres em situação de vulnerabilidade.