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Arquitetura africana e a reforma urbana foi tema da terceira mesa do Seminário Internacional da Ouvidoria

Mesa marcou a retomada do evento durante a tarde

O segundo turno do Seminário Internacional pelo Direito à Cidade e Política Urbana Antirracista, promovido pela Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA nesta terça-feira, trouxe para diálogo o tema “Arquitetura africana e a reforma urbana”, com objetivo de tratar, sobretudo, no que se refere as políticas urbanas habitacionais.

Com mediação da advogada, doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/BA (CDHU OAB/BA), Sheila Rolemberg, todos os participantes da 3ª mesa puderam fazer suas exposições iniciais e, logo em seguida, foi aberto o debate com participação do público externo.

Fazendo uma retomada histórica, a presidente da Sociedade Protetora dos Desvalidos – SPD, Lígia Margarida, fez uma alusão a Revolta dos Búzios para afirmar que o processo de luta por território do povo negro vem desde de séculos atrás. Segundo ela, devemos sempre relembrar o que nossos colonizadores fizeram com o povo negro e como isso refletiu nas lutas que vemos até hoje.

“Desde 1798 já se lutava contra os racistas. A revolta dos Búzios, por exemplo, é um movimento extremamente forte que diz não ao racismo, não a intolerância religiosa e a desigualdade social. Desde essa época, já se tinha um ideal de que todos deveriam ter direito do bem-estar de viver na cidade. Então, jamais devemos esquecer que nossos colonizadores nos escorraçaram, criaram uma série de situações para dificultar nossa vida, mas que, apesar de tudo, nunca nos dobramos. Esse seminário é uma prova disso”, enfatizou.

Já a assistente social, mestra e doutoranda em Estudos sobre as Mulheres, Gênero e Feminismos, Doranei Alves, comentou que pensar arquitetura africana e a reforma urbana, é pensar as comunidades periféricas de Salvador a partir de um processo de negação. “Salvador é uma cidade historicamente desigual. Então temos que pensar como que a população negra tem tido negativas em seu direito de existir e de estar nos locais”, iniciou.

 Doranei, que também coordena o Instituto Comunitário Princesa Anastácia disse ainda que “apesar de a arquitetura africana estar presente durante toda história da formação da cidade, só estivemos presente com nossa força de trabalho, mas nunca dentro desses espaços de forma plena. O racismo nos afasta e nos coloca sempre em locais tido como periféricos e longe das políticas públicas, e isso faz com que esse processo de luta pelas terras, território e existência, seja algo presente em nossas vidas o tempo todo”, concluiu.

No encontro, foi questionado ainda sobre a falta de pessoas negras no governo que pensem em pautas que contemplem a agenda da população

A mesa contou também com a participação do coordenador da Reconstrução das Cidades de Moçambique, Viriato Tamele; do doutor em Sociologia pela Unesp, docente no Instituto de Humanidades e Letras da UNILAB (CONGO), Bas’Ilele Malomalo e do pároco da Paróquia Santa Cruz, no Engenho Velho da Federação, e Rede de Irmandades Católicas Negras, Padre Lázaro Muniz.