COMUNICAÇÃO

Ilhéus – Semana da Leitura marca inicio do projeto Livrementes

18/10/2019 20:11 | Por Leilane Teixeira (Estagiária), sob a supervisão de Arthur Franco - Fotos - Rodrigo Meire

Contação de historia, palestras e divulgação de artesanatos foram algumas das atividades realizadas pelos internos nesta semana de divulgação.

Ao falarmos sobre leitura, frequentemente nos deparamos com frases que dizem: “A leitura dá asas a imaginação”, “Ler me faz ir onde os meus pés não podem me levar“ ou “A leitura é para a mente o que o exercício é para o corpo”. Os dizeres, que soam em tom poético e metafórico, servem para ilustrar uma verdade já comprovada por diversos especialistas: ler aprimora o vocabulário, dinamiza o raciocínio e melhora a capacidade de interpretação.

Porém, mesmo com tantos benefícios, uma grande parcela da população que vive em presídios brasileiros ainda não tem esse acesso. Diante deste quadro, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizou a Semana da Leitura no Presídio Advogado Ariston Cardoso, em Ilhéus, como forma de divulgar e marcar o inicio do projeto “Livrementes – Fazer o bem sem olhar a quem”, que busca incentivar a leitura desse público.

Atividades realizadas

A programação iniciou desde a segunda feira, 14, com a apresentação de abertura e a reinauguração da biblioteca que já existia no local, porém não estava sendo utilizada. Os internos fizeram exposição de artesanato confeccionado por eles mesmos e, ao final do dia, assistiram a palestra: Leitura como Remição de Pena, ministrada pela defensora pública Paula Verena, atuante em Ilhéus e idealizadora do projeto.

Já no segundo dia de evento, 15, todos voltaram a ser crianças juntos com seus filhos, que tiveram brincadeiras e oficina de Contação de História infantil, além de assistirem mais uma palestra, comandada pela defensora pública Juliana Klein. Na quarta feira, 16, a palestra ficou por conta do defensor público Rodrigo Meire, além de ter intervenção cultural com Mestra Lainha e Oficina de Cordel.

A Semana da Leitura, que não parou por aí, levou para os presos no último dia, quinta-feira 17, poesia e música com Isidoro Cabeça e Heitor, além de muita emoção com o depoimento de um ex-interno que teve sua vida mudada a partir dos livros.

Para a psicóloga da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP/BA), Larissa de Oliveira Costa, a parceria com a DPE/BA será fundamental no processo de ressocialização dos presos. “Temos em vista que será um resultado muito exitoso com o público atendido durante e pós o processo carcerário. A instituição já prevê realizar outros processos que visem essa ressocialização”, pontua a psicóloga.

Sobre o projeto

O projeto “Livrementes – Fazer o bem sem olhar a quem”, tem o objetivo de incentivar a leitura dos internos do Presídio Advogado Ariston Cardoso, em Ilhéus, proporcionando a elevação da autoestima, contribuição no processo de ressocialização e propiciar conhecimento. Além disso, as leituras serão contabilizadas para fins de remição de pena, conforme é recomendado pelo Conselho Nacional de Justiça.

De acordo com a defensora pública Paula Verena Carillo, idealizadora do projeto, um fator impulsionador para levar a ideia adiante foi sua leitura do “O Cárcere da Emoção”, do autor Augusto Cury. Para ela, há um aprisionamento “diferente” fora das grades: o da emoção. “Se fosse viabilizada a leitura deste livro, por exemplo, às pessoas que estão com a sua liberdade cerceada, talvez pudessem passar por este processo de aprisionamento de uma forma mais leve e ressocializadora”, relatou.

Compartilhando conhecimento

O projeto é contínuo e frequentemente serão realizadas ações que motivem as pessoas a doarem seus livros para esse público alvo. Por meio de mutirões formados por voluntários, serão realizadas duas vezes ao mês visitas em escolas particulares para que os alunos doem seus livros após leitura e busca de parcerias com palestrantes e organizadores de eventos, para que incluam a doação de um livro nas inscrições.

Serão contatados ainda, escritores baianos de diversas editorias para doarem títulos de sua autoria. Os exemplares que não estão em boas condições para leitura serão enviados para a restauração, que também deverá ser feita por uma gráfica voluntária/parceira do projeto. Os livros que não se enquadrarem na categoria de literatura serão trocados em Sebos por livros de literatura.

As obras recebidas serão catalogadas pelos próprios internos, os quais serão selecionados como monitores e receberão um curso básico de biblioteconomia. Todos os livros receberão carimbo de identificação do projeto, uma etiqueta para lembrar o leitor de devolver depois de ler. O interno terá até 31 dias para a realização da leitura de cada obra.